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segunda-feira, 28 de março de 2011

Lenda Da Moura Da ponte De Chaves (Chaves - Vila Real)



Depois da retoma de Chaves pelos Mouros, em 1129, ficou alcaide do castelo um guerreiro que tinha um filho que adorava, de seu nome Abed, e uma sobrinha. Por vontade do alcaide, ambos ficaram noivos. A bela jovem não recusara Abed, pois os mouros poucos eram ali e nenhum lhe despertara paixão.

Uns anos depois, os cristãos do jovem reino de Portugal iniciaram a conquista da região de Chaves, tendo mesmo atacado a cidade. À frente do exército português estavam os cavaleiros Rui e Garcia Lopes, irmãos de D. Afonso Henriques. O alcaide e seu filho encabeçaram a resistência moura e a defesa do castelo. Mas a população da cidade, perante os ataques cristãos, começou a fugir da cidade desesperadamente. Era grande a confusão entre guerreiros e fugitivos. Impassível àquelas correrias, mantinha-se a sobrinha do alcaide. A vida pouco lhe dizia, desde que ficara órfã devido à guerra. Entretanto, o alcaide e o filho lutavam tenazmente, embora sem sucesso.

Numa dessas ocasiões, enquanto apreciava os combates, a moura fixou os olhos num belo jovem guerreiro cristão que ganhava com os seus homens cada vez mais posições no castelo. No mesmo instante, o guerreiro parou a ofensiva. Dirigindo-se a ela, interpelou-a acerca da sua presença ali. O que fazia uma tão bela mulher num triste espectáculo daqueles? Respondeu a jovem que queria perceber a guerra, coisa que o cristão lhe disse ser só para homens que na guerra jogam a vida. Retorquiu a moura que o mesmo faziam as mulheres, dando-lhe o exemplo da sua orfandade devido à guerra. O cristão lamentou o facto e quis saber se ela estava só. Quando a moura respondeu que vivia com o tio, alcaide do castelo, o guerreiro mandou levá-la imediatamente para o seu acampamento. A luta prosseguiu, entretanto.

O castelo acabou por ser tomado e oferecido pelos Lopes a D. Afonso Henriques. Contudo, a jovem moura manteve-se refém dos cristãos que não a trocaram por cativos mouros. Passou a viver com o cavaleiro que a raptara, num ambiente de felicidade.

Abed, conhecedor da situação, nunca lhes perdoou. Depois de restabelecido de um ferimento de guerra, voltou a Chaves, disfarçado de mendigo. E como não conseguisse acercar-se da sua apaixonada, um dia esperou-a na ponte. Pediu-lhe esmola. A jovem estendeu a mão para o pedinte e, nesse momento, algo de fatídico aconteceu. Olhando-a nos olhos, Abed disse-lhe:

- Para sempre ficarás encantada sob o terceiro arco desta ponte. Só o amor dum cavaleiro cristão, não aquele que te levou, poderá salvar-te. Mas esse cavaleiro nunca virá!

Ouviu-se um grito de mulher. A jovem tinha reconhecido Abed. Contudo, como por magia, a moura desapareceu para sempre. Abed fugiu de seguida. Só as damas cristãs que a acompanhavam testemunharam o sucedido.

Desesperado, o guerreiro cristão que com ela vivia tudo fez para a encontrar. Procurou incessantemente na ponte e até pagou para que lhe trouxessem Abed vivo para quebrar o encanto. Mas a moura encantada da ponte de Chaves nunca mais apareceu e o cristão morreu numa profunda dor e saudade, ao fim de alguns anos.

Ora, diz o povo, que certa noite de S. João, cheia de luar, pela ponte passou um cavaleiro cristão. Ouviu, surpreso, murmúrios. Não viu ninguém, mas ouviu uma voz de mulher pedindo ajuda e que lhe disse docemente:

- Estou aqui em baixo, na ponte, sob o terceiro arco.

Estranhou a situação. Procurou sob o dito arco; no entanto, continuava sem ver a moura. Ouviu outra vez a moura que agora lhe dizia estar "encantada" e lhe pedia que descesse e a beijasse para a salvar. Mas o cavaleiro hesitou. Tocou no crucifixo que ao peito trazia e recordou-se dos contos que a mãe que lhe costumava contar sobre as desgraças de cavaleiros entregues aos feitiços de mouras encantadas. Perante estes pensamentos, olhou para o cavalo, montou-o e partiu, jurando nunca mais ali passar à meia-noite.

Assim, a moura da ponte de Chaves ali ficou para sempre encantada. E nas noites de S. João, conta o povo, ouvem-se os seus lamentos como castigo do amor que tivera por um cristão.

Lenda Do Senhor de Matosinhos (Matosinhos)


Segundo a tradição, a imagem do Senhor de Matosinhos é uma das mais antigas de toda a cristandade.

A lenda diz que esta imagem foi esculpida por Nicodemos, que assistiu aos últimos momentos de vida de Jesus, sendo por isso considerada uma cópia fiel do seu rosto. Nicodemos esculpiu mais quatro imagens mas esta é considerada a primeira e a mais perfeita.

A imagem é oca porque nela teria Nicodemos escondido os instrumentos da Paixão e, nesses tempos de perseguição, os objectos sagrados eram escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira.

Nicodemos atirou a imagem ao mar Mediterrâneo, na Judeia, e esta foi levada pelas águas, passou o estreito de Gibraltar e veio dar à praia de Matosinhos, perdendo na viagem um braço. A população de Bouças ergueu-lhe um templo e designou a imagem por Nosso Senhor de Bouças, venerando-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres.

Mas um dia, andava uma mulher na praia de Matosinhos a apanhar lenha para a sua lareira, quando encontrou um pedaço de madeira que juntou aos restantes. Em casa, lançou-o ao fogo mas este pedaço saltou da lareira não só da primeira, mas como de todas as vezes que ela o tentava queimar. A sua filha, muda de nascença, fazia-lhe gestos desesperados para que dizer qualquer coisa e, por fim, balbuciou, perante o espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor das Bouças.

Assombrada pelo milagre a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que parecia que nunca dela se tinha separado. No século XVI, a imagem foi mudada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Nosso Senhor de Matosinhos.

A Lenda De Viana (Viana Do Castelo)



Há muito, muito tempo, na margem direita do rio Lima, erguia-se uma pequena povoação que tinha o nome de Átrio ou Adro. As pessoas que aqui habitavam construíam barcos, fabricavam redes e ensinavam as filhas e as mulheres a consertá-las…


Para além de pescarem no rio também se aventuravam no alto mar, apesar de muitas vezes serem surpreendidos pelo mau tempo, tornando-se difícil vencer a impetuosidade das ondas. De lá traziam carapaus, congros, pescadas, sardinhas, fanecas e muitos outros peixes, com que se alimentavam e vendiam no mercado.


Quando o mar se alterava e não permitia a pesca, tinham o rio. E Aqui pescavam enguias, solhas, trutas, tainhas, lampreias, sáveis e salmões, conforme as épocas.


Para além disso tinham as terras para desbravar, delas colhiam as hortaliças, batatas, cenouras, tomates, frutas e outras tantas coisas, mas não estavam vocacionados para as tarefas desta natureza. A horta era como um recurso de última hora. Preferiam comprar ou trocar por peixe. Dizemos que, naquele tempo, vinham os de Castro e traziam caça; os de Figueiredo e Santa Maria da Vinha (hoje Areosa), carvão e sacos de farinha; os da Meadela e de Darque, legumes, feijão, cebolas, hortaliças, e frutas de vária espécie, bem como carnes de porco, ovo e galináceos. Por altura da Páscoa, desciam da serra da Arga os queijeiros e os vendedores de cabritos, anhos, presuntos e salpicões.


Esta povoação ia crescendo de dia para dia. Novas casas se iam erguendo, principalmente em redor da matriz, onde todos se reuniam, quer nas cerimónias religiosas quer em dias festivos. E era bonita a vista que dali se desfrutava com o rio ao fundo, onde os barcos de vela subiam em direcção à nascente ou desciam em direcção ao mar.


Por essa altura, ali vivia uma linda rapariga que havia sido baptizada com o nome de Ana. Essa linda rapariga, um dia, apaixonou-se por um moço da outra margem, que por sinal era barqueiro.


A paixão destes dois jovens era tal que bem lhes apetecia estarem longas horas juntos. Mas, tal como acontece nos tempos de hoje, nem sempre isso era possível. Por isso, o jovem barqueiro, sempre que encontrava alguém conhecido, perguntava:


- Viste Ana?


E a resposta não se fazia esperar.


- Sim, vi Ana no castelo.


No castelo porque era o local onde ela, juntamente com a sua família, residia.


Assim, e porque se repetia por diversas vezes a força de expressão “Vi Ana”, em breve surgiria o nome VIANA, para designar a terra onde ela habitava.


Segundo a lenda, teria sido assim que surgiu o nome de Viana do Castelo para designar a então Átrio ou Adro.

sábado, 26 de março de 2011

A Lenda Da mulher de branco - EUA


Esta é uma das lendas mais faladas no meio de camionistas e viajantes noturnos. A Mulher de Branco surgiu entre os Anos 50 e 60.

Reza a lenda que a Mulher de Branco é uma mulher loira e apresenta-se com um vestido branco. Ela aparece em locais escuros e sem casas. Pede boleia a quem passa naquela zona, a vítima que resolve parar é levada por ela até à frente de um cemitério. Então ela simplesmente desaparece.

Dias mais tarde, aqueles que deram boleia descobrem, ao ver a foto dela numa lápide e perguntando aos vizinhos que ela tinha morrido, atropelada por um camião, naquela mesma estrada.

Numa outra versão ela pede para o motorista construir uma capela na estrada onde ele a encontrou e ela desaparece. Outra ainda que ela seduz o motorista, e ao tentar beijá-la, ela arrancaria a língua da vítima.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bloody Mary (Maria Sangrenta) - EUA


Bloody Mary é provavelmente uma das lendas mais conhecidas no mundo e por essa razão tem várias variantes. Há quem diga que é um espírito de uma jovem que morreu em frente a um espelho ou que seja um espírito de uma mulher que matou o seu filho.

De acordo com a sua lenda mais falada, quem disser "Bloody Mary" três vezes em frente a um espelho, de uma casa de banho iluminada por velas, de olhos fechados, quando os abrir verá uma mulher a sair do mesmo e ela arrancará os olhos e matará de forma horrenda quem a invocou.

Segundo outra das versões, Bloody Mary (Maria Sangrenta) é o espírito de uma viúva ainda jovem, que sofreu de um acesso psicótico e matou os filhos. De seguida, foi até ao WC e matou-se diante do espelho. Ela aparece quando alguém diz três vezes "Bloody Mary" em frente a um espelho da casa de banho e mata a pessoa à facada.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Lenda Da Praia Da Rocha (Algarve)

Uma Sereia chegou um dia ao Algarve, não se sabe bem de onde. Instalou-se à beira-mar, descansando de uma jornada que deve ter sido longa e fatigante.
A Sereia

Um Pescador que por ali andava na sua faina viu-a, e admirado com aquela intrusão nos seus domínios, aproximou-se e disse:

- Não sei donde vieste, mas devo informar-te de que tudo isto que vês é meu. Foi o Mar que criou este sítio e eu sou filho do Mar!

Sorriu a Sereia de tal maneira que prendeu o Pescador, respondendo-lhe:
- Venho de longe, Pescador, de muito longe. Aportei aqui depois de muito procurar, e tanto sossego achei que quero ficar.

- Como te chamas? Quem és? - quis saber o filho do Mar.

- Não tenho nome, Pescador. Sou apenas o que sou, Sereia.

- Bem-vinda sejas então, Sereia, a este local que já é teu!

Foi então que, de longe, se fez ouvir uma voz agreste e rude:

- Não dês o que não é teu, Pescador! Esta terra é minha, foi a montanha que a criou! Eu sou o filho da Serra e tudo o que vês me pertence!

- Assim sendo, Serrano - sussurrou a sereia - talvez sejas tu o fim da minha jornada.

- Deixa-o falar, Sereia! Que pode ele e a sua Serra contra o poder de meu pai, contra as ondas sem dono!...

- Ah, ah, ah! - riu o serrano - Tenta tu subir à Serra! Que poderão as tuas ondas contra a robustez que herdei da minha mãe. Mais poderoso sou eu, que quando quiser, posso criar montanhas dentro do Mar!

Parecia iminente a luta entre os dois gigantes; procurava o Mar acalmar as suas ondas, que cresciam e engrossavam; toldava-se a Serra, agitando as urzes e os pinheiros. Deleitava-se a Sereia com a violência do amor que neles via crescer, mas disse-lhes:

- Não se zanguem! Eu vou esperar aqui que me tragam provas das vossas forças. Mas agora ide, estou cansada e quero repousar!

Lentamente afastaram-se areal fora os dois rivais. Um entrou pelo Mar dentro, o outro subiu à Serra. Iam pensativos, procurando a melhor maneira de convencer a Sereia.

Ela, por seu lado, instalou-se como se em casa estivesse e esperou.
Chegou primeiro o Pescador.

Trouxe-lhe o Mar e estendeu-o a seus pés, pintando-o verde suave à bordinha, e azul profundo lá ao longe, dizendo:

- Tudo isto é o meu Mar, e é teu, Sereia!

E a Sereia ficou a olhar o mar, deleitando-se com o seu ondular. Subitamente, ouviu o Serrano:

- Sereia, aqui estou: dar-te-ei um trono de pedra lá no alto do mundo. Já pedi ao vento que te embalasse o sono, ao sol que te aquecesse os dias, e às fontes que te refrescassem as horas. Vem comigo e serás a rainha da Serra.

- Chegaste tarde, Serrano! Já me sinto a rainha do Mar - respondeu a Sereia.

Enfurecida por ser rejeitada, a Serra fez rolar enormes rochedos até ao Mar, rodeando a Sereia: se esta não subia à Serra, descia a Serra ao Mar.

O Mar zangou-se, e durante noites e dias, dias e noites, atirou-se contra as rochas, mas não conseguiu desfazê-las.

E assim continuaram até que a Sereia, não sendo capaz de se decidir, transformou-se numa areia tão fina como não há outra igual, recebendo o tributo eterno dos dois eternos gigantes enamorados, umas vezes rivais, outras inimigos, outras ainda grandes amigos. O lugar tem hoje o nome de Praia da Rocha.