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segunda-feira, 28 de março de 2011

A Lenda De Viana (Viana Do Castelo)



Há muito, muito tempo, na margem direita do rio Lima, erguia-se uma pequena povoação que tinha o nome de Átrio ou Adro. As pessoas que aqui habitavam construíam barcos, fabricavam redes e ensinavam as filhas e as mulheres a consertá-las…


Para além de pescarem no rio também se aventuravam no alto mar, apesar de muitas vezes serem surpreendidos pelo mau tempo, tornando-se difícil vencer a impetuosidade das ondas. De lá traziam carapaus, congros, pescadas, sardinhas, fanecas e muitos outros peixes, com que se alimentavam e vendiam no mercado.


Quando o mar se alterava e não permitia a pesca, tinham o rio. E Aqui pescavam enguias, solhas, trutas, tainhas, lampreias, sáveis e salmões, conforme as épocas.


Para além disso tinham as terras para desbravar, delas colhiam as hortaliças, batatas, cenouras, tomates, frutas e outras tantas coisas, mas não estavam vocacionados para as tarefas desta natureza. A horta era como um recurso de última hora. Preferiam comprar ou trocar por peixe. Dizemos que, naquele tempo, vinham os de Castro e traziam caça; os de Figueiredo e Santa Maria da Vinha (hoje Areosa), carvão e sacos de farinha; os da Meadela e de Darque, legumes, feijão, cebolas, hortaliças, e frutas de vária espécie, bem como carnes de porco, ovo e galináceos. Por altura da Páscoa, desciam da serra da Arga os queijeiros e os vendedores de cabritos, anhos, presuntos e salpicões.


Esta povoação ia crescendo de dia para dia. Novas casas se iam erguendo, principalmente em redor da matriz, onde todos se reuniam, quer nas cerimónias religiosas quer em dias festivos. E era bonita a vista que dali se desfrutava com o rio ao fundo, onde os barcos de vela subiam em direcção à nascente ou desciam em direcção ao mar.


Por essa altura, ali vivia uma linda rapariga que havia sido baptizada com o nome de Ana. Essa linda rapariga, um dia, apaixonou-se por um moço da outra margem, que por sinal era barqueiro.


A paixão destes dois jovens era tal que bem lhes apetecia estarem longas horas juntos. Mas, tal como acontece nos tempos de hoje, nem sempre isso era possível. Por isso, o jovem barqueiro, sempre que encontrava alguém conhecido, perguntava:


- Viste Ana?


E a resposta não se fazia esperar.


- Sim, vi Ana no castelo.


No castelo porque era o local onde ela, juntamente com a sua família, residia.


Assim, e porque se repetia por diversas vezes a força de expressão “Vi Ana”, em breve surgiria o nome VIANA, para designar a terra onde ela habitava.


Segundo a lenda, teria sido assim que surgiu o nome de Viana do Castelo para designar a então Átrio ou Adro.

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